terça-feira, 27 de maio de 2014

Libertação



Dor que consome o âmago
Dor que expande a alma.

Desesperança, lamentação
Tumores coléricos
Câncer da humanidade.

Podridão do ser mutatório
Languidez morfética.

Navegante de martírios internos
Ser combatido
Desvalido de morfina.

Dor enraizada nas vísceras
Do egoísmo humano.

Enrijece o corpo
Na última viagem terrestre
Transição celestial
Moribundos agonizantes
Do perdão.
Eliene Ferreira

domingo, 18 de maio de 2014

Alma da pátria


 

Na ginga da capoeira
No balanço dos palmares
Edifica a nação negra
Na imensidão verde do Brasil.
Que contrasta com o colorido
Do cocar do indígena.
Essência de um país
Que purga no purgatório
Da pátria brasileira

Amparo


Folha à deriva, sobre as águas
barco sem rumo, sem porto.
Folha leve, de fragilidade estrutural.
Impulsionada, impelida pela brisa da vida.
Percorre correntezas, sem bote salva-vida.
Em noites nebulosas busca pelo farol
fixado na sólida ilha das emoções.
Tornados, tormentas, testam a folha à deriva.
Sustenta-se no corrimão da razão.
Folha quebradiça, lançada a sorte.
Em mar aberto contempla
a constelação de momentos vividos.
Ah, folha seca!
Por que soltastes das raízes que te sustentas?

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Figurantes



Deixem-me falar!
Gritem com Amélia
Ame - a, ame!
Não trate Amélia,
Como Ornela
Ornamento da masculinidade
Gritem com Amélia.
Amem! Ana da fama
Estampada no noticiário policial.
Amem Ana!
Matem o preconceito
Por Eva, levada a pecar.
Maria ria... Ria Maria!
Mal tratada e menosprezada
Abandonada pela a sociedade.
Fernanda, feminista
Na lista de agressões.
Sessões de descaso e impunidade
Heterogeneidade uno
Sentença única
Ser mulher! 
Eliene Ferreira

Barriga


Como estudar?
Se a barriga dói,
Rói – corrói – torce – retorce - contorce.
 Como ter esperança?
Numa sociedade consumida
Pela corrupção
Pela desigualdade
Pelo preconceito.
Reação, retroação, repetição,
Ré...
Assim caminham os fomentos
Da elite intelectual.
Prato servido em bandeja
Para políticos demagogos.
Comer ou ser comida?
Como compreender letras
Estruturadas no alfabeto
Da exploração do mais fraco.
Como ver esperança
Se a justiça é cega!
Como aprender?
Se a barriga dói, corrói, torce, retorce.
Eliene Ferreira

Restolho


Homens mutantes
Monstros progenitores
Desfigurados - amorfos de si. 
Escória da sociedade demagoga
Escondidos em becos.
Figurantes noturnos
De contos realistas.
Saqueadores e saqueados de futuro.
Fragmentos bestializados
Prenúncio de avatares humanóides.
 Eliene Ferreira